Agenda 2050: propostas para descarbonizar e (neo)industrializar o Brasil


Apresentado durante o Brazil Windpower 2025, o estudo “Agenda 2050: propostas para descarbonizar e (neo)industrializar o Brasil” traz um conjunto de medidas para alinhar a transição energética brasileira ao desenvolvimento industrial e à geração de empregos qualificados. Produzido por especialistas do setor e coordenado pelo economista Luciano Coutinho, o documento foi elaborado em parceria com a ABEEólica Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias e o Grupo Neoenergia, com apoio técnico de diversas entidades do setor.

Entre as ações propostas, o relatório recomenda marcos regulatórios estáveis e incentivos temporários para estimular novas cadeias produtivas estratégicas — como eletrolisadores, inteligência artificial, extração de minerais críticos, produção de ímãs e fertilizantes nitrogenados — e a expansão da infraestrutura de transmissão. O estudo também enfatiza o papel da energia eólica offshore, dos projetos híbridos (eólica, solar e armazenamento) e da eletrificação veicular como vetores da descarbonização.

As projeções indicam que o Brasil pode atingir até 6,8% de participação no mercado global de hidrogênio em 2050, com produção potencial de 19 milhões de toneladas no cenário de descarbonização total. Além disso, o país poderá substituir 59% dos combustíveis fósseis por fontes renováveis até 2073, impulsionado pelo avanço dos data centers e pela maior demanda energética do setor industrial.

O relatório reforça que o sucesso da estratégia depende da integração entre política industrial, energética e tecnológica, e da criação de mecanismos para atração de investimentos, exportação de equipamentos e formação de mão de obra especializada.

Durante a apresentação do relatório Agenda 2050, o economista Luciano Coutinho, ex-presidente do BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, destacou que o Brasil vive uma oportunidade única de liderar a nova economia verde, desde que avance na criação de condições regulatórias previsíveis e políticas industriais assertivas.

Segundo Coutinho, cada investimento no setor eólico gera “quase três vezes mais impacto econômico do que a média da economia”, refletindo diretamente em renda e desenvolvimento regional. Ele citou estudos que mostram que municípios com projetos eólicos crescem 21% acima da média e apresentam IDH 20% superior. “O setor eólico não é apenas energia limpa, é vetor de inclusão produtiva e social”, afirmou.

O economista alertou para a necessidade de reagir ao “momento geopolítico conturbado”, marcado por protecionismo e subsídios unilaterais em outros países, que podem afetar a competitividade brasileira. Para enfrentar esse cenário, defendeu incentivos temporários, como os já previstos no programa Reatax, que reduz a carga tributária sobre a produção de equipamentos de energia renovável.

Coutinho também chamou atenção para o potencial do hidrogênio verde, dos combustíveis sintéticos e da substituição progressiva de insumos fósseis na indústria química e de mineração. O estudo projeta que a descarbonização industrial poderá criar demanda adicional de até 19 GW, além de abrir novas oportunidades de exportação de tecnologia, equipamentos e serviços para América do Sul e África.

“O Brasil pode ser fornecedor global de soluções energéticas sustentáveis, combinando inovação, escala e estabilidade regulatória”, concluiu.

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