O CEO Global da JBS, uma das maiores empresas de alimentos do mundo, destacou durante o Summit Brazil-USA, que os dois maiores desafios da atualidade – a fome e as mudanças climáticas – devem contar com uma aliança entre duas das maiores potências agrícolas do mundo: Brasil e Estados Unidos. “Hoje 2,3 bilhões de pessoas passam por insegurança alimentar. Os dois países podem se unir para compartilhar um benchmarking de boas práticas”, defendeu Gilberto Tomazoni.
O executivo mencionou relatório recente do Banco Mundial (“Receita para um Planeta Habitável”) que apresenta justamente a oportunidade dessa transferência tecnológica. Tomazoni foi além, ao sugerir que Brasil e Estados Unidos atuem em conjunto pelo “fair trade”, comércio justo para a abertura de mercados nas áreas de alimentos e biocombustíveis. Nas duas frentes, com o foco em aumentar a produtividade. Sem isso, “a gente não vai ser sustentável”, afirmou.
Brasil e Estados Unidos têm muito a compartilhar e a trocar em atividades como agricultura de precisão e assistência ao produtor rural. O Brasil também se destaca em práticas regenerativas, como plantio direto, rotação de culturas, consorciação de lavouras e integração lavoura, pecuária e floresta (ILPF). “Há uma oportunidade de desenvolver pesquisas juntos. Quanto há efetivamente de emissão de gases de efeito-estufa nos sistemas de ILPF? Na JBS, fizemos parcerias com instituições de pesquisa no Wisconsin e em Nebraska, mas é possível avançar mais”, disse Tomazoni.
O embaixador Roberto Azevêdo, ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) e sócio da YvY Capital, apoiou a busca de informações sobre o cálculo das emissões nas condições de produção do Brasil. “Precisamos de ciência. Não é possível que a referência de emissões de uma vaca venha da Europa, que vive num ambiente totalmente diferente do Brasil.” Azevêdo apontou ainda os interesses comuns de Brasil e Estados Unidos na área de biocombustíveis.
Tomazoni lembrou ainda a possibilidade de atuação conjunta em estudos para solos mais férteis e saudáveis, portanto mais aptos para propiciar mais produtividade. “Insisto: é preciso produzir mais com menos recursos para que 800 milhões de pessoas não passem fome, como ocorre hoje no mundo.”
A JBS atua nos EUA desde 2007. Dos US$ 73 bilhões de receita no ano passado, metade veio da operação norte-americana, espalhada atualmente por 21 estados. Dos 275 mil colaboradores que a empresa tem globalmente, 70 mil estão nos EUA (o Brasil conta com 155 mil).