As Gerações e o Etarismo na Comunicação e no Marketing das Indústrias


por Alessandra Alabi

Você já parou para pensar no quão diverso — e por vezes desconectado — está o ambiente industrial quando o assunto é comunicação e marketing? Em um setor onde convivem líderes da Geração X, gestores Millenials e profissionais da Geração Z (sem contar os estereótipos como o etarismo que rondam o ambiente), o desafio de criar estratégias de marketing eficazes vai muito além de leads, tráfego pago ou o próximo post “bonitinho” nas Redes Sociais.

Estamos falando de um abismo — sim, um abismo — entre o que é o marketing industrial de verdade e o que muitas empresas ainda acreditam que ele seja.

O marketing industrial não cabe em fórmulas genéricas de automação

Enquanto o marketing voltado ao varejo muitas vezes segue uma lógica de volume, apelo visual e imediatismo, o marketing B2B industrial exige profundidade, contexto e inteligência estratégica real. Ele é técnico, consultivo e requer um entendimento pleno da complexidade dos processos e das cadeias produtivas. Não se trata de “vender mais uma solução para OEM” ou de renovar um contrato de manutenção. Trata-se de compreender o ciclo de vida da operação do cliente, o que está em jogo caso aquela solução falhe, o impacto direto na linha de produção e, acima de tudo, o nível de confiança que a sua marca construiu ao longo dos anos com este cliente. O marketing industrial que entrega resultado é aquele que se posiciona como um elo entre a engenharia, o comercial e estratégia das soluções, juntamente com um marketing aprofundado nos negócios — e não como uma “área de comunicação visual”. O marketing vem com a alma técnica e comercial, com forte embasamento analítico, e não apenas um exercício de estética digital.

A sabedoria estratégica e o foco digital da Geração X

Como profissional da Geração X, afirmo sem hesitar: nossa geração carrega uma vantagem competitiva inegável no mundo B2B industrial. Fomos moldados num ambiente onde o marketing se fazia com profundidade, pesquisa de mercado, escuta ativa, visitas técnicas e compreensão real do negócio do cliente. Nós não terceirizamos o raciocínio para dashboards. Entendemos o mercado porque vivemos o mercado — nas fábricas, nas feiras, nos comitês de produto, Workshops e nas reuniões com os engenheiros e time de vendas.

A Geração X ainda segura o leme em muitas indústrias — e com razão.  Sabemos traduzir complexidade técnica em posicionamento estratégico e trazer o verdadeiro resultado assertivo. Sabemos construir pontes entre setores, mas, acima de tudo, não apenas ouvimos o cliente — nós o escutamos com atenção, para que a comunicação seja plena, assertiva e verdadeira. O digital nos trouxe ferramentas poderosas, mas nossa experiência de ouvir o cliente, traz o discernimento para fazer bom uso delas.

Os Millennials e a Geração Z têm contribuições valiosas, como agilidade, fluência digital e experimentação, mas ainda estão aprendendo a lidar com a complexidade real, dentro de um ambiente B2B industrial — onde uma decisão errada pode custar milhões e cada negociação exige profundidade técnica, inteligência emocional e maturidade relacional.

Marketing Industrial: Muito além de KPI´s

Hoje conseguimos medir com mais clareza. Sim, o digital nos trouxe dashboards, analytics, conversões rastreáveis e fluxos de automação. Mas não nos deixemos enganar: nenhum relatório substitui uma conversa estratégica com o cliente. Os dados mostram o que aconteceu. O cliente mostra o porquê aconteceu. É nesse cruzamento que nasce o marketing que realmente move resultados.

O marketing industrial precisa sair da cadeira do “mapeador de palavras-chave” e sentar-se junto com a diretoria, stakeholders, etc. Ele precisa estar 100% alinhado ao plano estratégico da empresa, atuar lado a lado com o time comercial e ser capaz de antever o mercado — não apenas reagir a ele.

Gerações diferentes, objetivos comuns

A Geração Z chega com fôlego novo e, sem dúvida, são os novos 30. Sabem transitar entre áreas, montar painéis e automatizar processos, mas ainda precisam aprender com quem já esteve na linha de frente — e isso só acontece por meio dessa integração entre gerações.

O problema surge quando o preconceito etário silencia a experiência ou limita o potencial de quem está começando. O etarismo, seja para cima ou para baixo, empobrece o marketing e sabota resultados.

O mercado precisa compreender, com urgência, que quando existe uma construção genuína de conhecimento entre gerações, as empresas têm muito mais a ganhar.

O futuro do marketing industrial é híbrido: humano + dados

Sim, a inteligência artificial está aí — e veio para ficar. Automatiza, prediz, sugere. Mas sem visão estratégica, conhecimento técnico, entender as dores do cliente e pensamento crítico, ela vira ruído. O futuro pertence a quem conseguir unir o melhor das ferramentas com o melhor das pessoas. E é justamente essa conexão que a Geração X sabe fazer com maestria: equilibrar tradição com inovação, técnica com relacionamento, histórico com futuro.

Porque no fim, não importa de qual geração você é — importa saber para onde você está levando a comunicação da sua indústria. E se for com estratégia, profundidade e respeito ao cliente, então estamos no caminho certo.

*Diferença em ouvir e escutar um cliente:

Ouvir verbo transitivo direto

1.        Ato biológico de captar sons por meio da audição.

2.        Processo passivo, sem necessariamente envolver atenção ou intenção de compreender a mensagem. Exemplo: Ouvi uma pessoa falando comigo, mas não prestei atenção.

Escutar verbo transitivo direto

1.        Ato ativo de ouvir com atenção e intenção de compreender.

2.        Envolve esforço consciente para captar e interpretar palavras, tom de voz, linguagem corporal e contexto. Exemplo: Escutei com atenção tudo o que o cliente me disse para entender suas ideias e preocupações.

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