A transição energética global foi um dos principais temas da cúpula do G20 deste ano, que se comprometeu a triplicar a oferta de fontes de energia renováveis até 2030. Ao que tudo indica, o Brasil deve se consolidar como protagonista na descarbonização global, visto que o cenário energético na região é avançado e diverso, com quase 90% de sua eletricidade proveniente de fontes renováveis, de acordo com o estudo “Energia Verde na América Latina”.
Conduzido pela Broadminded, centro de pesquisa da multipremiada agência de comunicação Sherlock Communications, o relatório destaca o grande potencial do Brasil e da América Latina para liderar essa transição, reunindo dados e perspectivas de especialistas multidisciplinares sobre o avanço da energia verde nas regiões.
De acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE), 60% da eletricidade da América Latina é gerada a partir de energia renovável, posicionando-a como uma das redes elétricas mais limpas do mundo. Embora a maioria dos países ainda dependa de uma matriz energética predominantemente hidrelétrica, a diversificação para fontes eólicas e solares tem avançado, com Chile, México e Brasil liderando o caminho. Tendo o Brasil projetado para representar 58% da nova capacidade de energia renovável da América Latina até 2030.
Dados da Ember mostram que, nos últimos quatro anos, a produção de eletricidade no Brasil cresceu em 11%, atingindo a marca de 698.511 GWh em 2023. E os principais responsáveis por esse crescimento foram as fontes renováveis de energia, especialmente a eólica e a solar.
Ainda de acordo com os dados da Ember, a capacidade instalada de energia eólica brasileira aumentou em 67% e se firmou como a segunda matriz mais importante do país, atrás apenas da hidrelétrica. No entanto, foi a energia solar que mais cresceu no país durante o período, tendo um aumento de 371%, impulsionado por investimentos em projetos localizados na região Nordeste, onde as condições são favoráveis para esse tipo de geração.
Além disso, a aprovação de legislações, como a Lei do Hidrogênio, que liberou R$18,3 bilhões para o desenvolvimento do hidrogênio verde, impulsionou a produção de energia limpa no Brasil. Esse combustível, produzido a partir de fontes renováveis, aparece hoje como a principal alternativa de substituição dos combustíveis fósseis.
“O hidrogênio verde dependerá fortemente da energia eólica e de outras fontes renováveis”, diz Elbia Gannoum, CEO da ABEEólica, que enxerga o hidrogênio como um elemento crucial na futura estratégia energética do país e na descarbonização das indústrias.
Para baixar o relatório completo Energia Verde na América Latina, clique aqui.
“Embora a América Latina seja líder global em energias renováveis, existem vários desafios. Superar esses obstáculos é crucial para que esta região mantenha e expanda seu papel de liderança em nossa transição para um modelo de energia mais sustentável e resiliente”, disse Patrick O’Neill, sócio-gerente da Sherlock Communications.
Os especialistas apontam que ainda há desafios estruturais importantes a serem enfrentados para que a América Latina consolide sua posição nos próximos anos. O principal desafio, comum à maioria dos países latino-americanos, envolve definir estratégias de financiamento para projetos de infraestrutura essenciais para transmissão e armazenamento de energia.
No Brasil, apesar do grande potencial, a consistência das políticas é um ponto crucial, pois novas leis nem sempre resultam em soluções ideais. Programas como o PAC e o financiamento do BNDES, por exemplo, são cruciais, mas exigem continuidade para manter a competitividade.