Com os países ricos indispostos a colocar dinheiro na mesa em Cali, as nações em desenvolvimento sugerem alternativas para financiar a conservação da diversidade biológica.
Continuam as discussões em torno do financiamento para a Natureza na COP16 de biodiversidade em Cali, na Colômbia e as negociações seguem sem sinal de resolução. Com a falta de interesse dos países ricos em ampliar o aporte financeiro, governos do Sul Global discutem maneiras de viabilizar recursos para a conservação da diversidade biológica.
As doações dos países desenvolvidos ao novo Fundo Global de Biodiversidade, estimadas em US$ 407 milhões, estão aquém dos US$ 20 bilhões sinalizados até 2025. Além disso, a gestão desse fundo ainda é tema polêmico, com os países em desenvolvimento reivindicando mais participação no processo decisório. Por fim, as conversas em torno da remuneração dos países detentores de biodiversidade pelo uso de seus recursos genéticos também seguem travadas.
O presidente colombiano, Gustavo Petro, sugeriu a troca do pagamento de dívida externa por recursos diretos para proteção do meio ambiente. O debt swap, como é chamado, permitiria aos países pobres que aplicassem os recursos despendidos atualmente no pagamento de sua dívida externa para financiar ações climáticas e de conservação da biodiversidade.
“Por que não trocamos dívida por clima? E se ao invés de pagar dólares ao dono do lucro, o FMI – Fundo Monetário Internacional convertesse o valor em um pagamento, também ao dono do lucro, a partir do salvamento da vida?”, afirmou Petro.
A proposta encabeçada pelo Brasil é a do novo Tropical Forests Forever Facility (TFFF), um mecanismo novo que promete mobilizar US$ 125 bilhões para financiar a proteção de cerca de 1 bilhão de hectares de florestas tropicais em até 71 países em desenvolvimento. Diferentemente de outros fundos, o modelo do TFFF promete gerar retorno financeiro aos investidores, o que abre a possibilidade de uma participação mais ativa de financiadores privados, além de filantrópicos.
A ministra Marina Silva destacou o TFFF como um exemplo de “mecanismo inovador” para ampliar os fluxos de recursos financeiros para a Natureza e o clima – sair do transformar a Natureza em dinheiro para transformar dinheiro em Natureza.