A evolução energética tem que ser feita de forma responsável, sem riscos de desabastecimento. O alerta foi feito pela diretora executiva corporativa do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Claudia Rabello, no Amazon Energy 2025 & 2º Evento Pré-COP IBP, evento realizado em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA). O sucesso das estratégias de descarbonização global passa pela capacidade de inovação e investimento do setor de energia, com grande participação da indústria de O&G.
Mediadora do painel ‘Petróleo e gás na Margem Equatorial – oportunidades para o desenvolvimento regional e ações de mitigação ambiental e descarbonização’, Claudia afirmou que novas fronteiras exploratórias no Brasil poderão contribuir para garantir o abastecimento energético com menos emissões.
A excelência operacional e tecnológica da Petrobras em águas profundas – destacou a executiva – também tem sido premiada internacionalmente. “Os investimentos em tecnologia da indústria de óleo e gás no Brasil sempre foram muito elevados”, disse Claudia. Em 2023, segundo a diretora executiva do IBP, o setor investiu R$ 4 bilhões em P&DI, dos quais 25% destinados a estudos sobre descarbonização das operações e energias renováveis”, disse Claudia. Esse volume refere-se apenas aos investimentos realizados por meio da cláusula de PD&I da ANP.

No painel de encerramento do evento, com representantes da FIEPA e governos do Pará e Amapá, Claudia Rabello ressaltou que a COP30 no Pará será uma boa oportunidade de mostrar que o Brasil já é uma referência em baixa emissão de carbono e que a indústria de óleo e gás é solução no processo de evolução energética.
O encerramento do Amazon Energy 2025 foi marcado pela apresentação oficial da Carta Belém, documento que reúne os principais compromissos, recomendações e encaminhamentos discutidos ao longo do evento.


O presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás, Roberto Ardenghy, defendeu as pesquisas para exploração de petróleo na Margem Equatorial, a mais nova fronteira exploratória brasileira em águas profundas e ultra
profundas. “Nós temos que fazer essa atividade exploratória, a perfuração, para que a gente possa trazer essa riqueza para o benefício da sociedade e do Norte do Brasil”, destacou ele.
O processo de transição energética e a coexistência de petróleo e gás com as fontes renováveis de energia foram os temas centrais dos painéis de debates do evento, que tem como tema central ‘Integração energética para o progresso da Amazônia, com sustentabilidade e inclusão social’. Além do presidente do IBP, participaram da mesa de abertura o presidente da Fiepa, Alex Carvalho, e lideranças políticas, empresariais e acadêmicas.
“Bilhões de reais são pagos todos os dias em royalties e participações especiais e outros impostos, gerando muita atividade para as economias regionais; 17% do PIB bioindustrial brasileiro vêm do setor de óleo e gás”, afirmou Ardenghy, que também moderou o painel ‘Desenvolvimento Socioeconômico da Região Amazônica’. Segundo ele, o potencial das reservas em águas profundas brasileiras precisa ser considerado como um objetivo estratégico nacional. A Margem Equatorial brasileira tem potencial estimado de 30 bilhões de barris de petróleo, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis.
“A evolução energética já começou. Mas o petróleo ainda fornece 80% da energia do mundo”, observou Ardenghy, comparando a transição com uma maratona longa. “Continuar explorando o subsolo com responsabilidade e eficiência é um compromisso com o desenvolvimento social e econômico”, assinalou.
Sobre eventuais riscos ambientais, o presidente do IBP lembrou que “todos os dias 3 milhões de barris de petróleo saem do pré-sal, na Bacia de Santos, sem deixar cair uma gota no mar. As empresas têm compromissos com a preservação. Todas cumprem as regras. Coitado país que deixa enterrado em seu subsolo riquezas inexploradas”, afirmou.
Participaram do painel Luiz Guilherme Moura Viana Diniz, gerente de Produção de Urucu da Petrobras; Fernando Flexa Ribeiro, diretor presidente da Companhia de Gás do Pará; e Renan Canedo, consultor técnico da empresa TGS DO BRASIL.
O presidente da Fiepa, Alex Carvalho, disse que a Amazônia está anestesiada por falta de um plano de desenvolvimento sustentável. “É impossível pensar em sustentabilidade ambiental sem pensar em desenvolvimento”, frisou. “Belém está de braços abertos para discutir verdades, ciência, tecnologia e inovação”, afirmou Carvalho, na abertura do evento.
Para o dirigente da Fiepa, a construção de uma lógica econômica voltada para o desenvolvimento sustentável exige união e força. “Precisamos estar fortalecidos para valorizar as ferramentas indutoras da transformação”, disse. “Hoje, existem empresas que acreditam no potencial brasileiro”, completou.
No painel ‘A experiência exitosa de E&P no Brasil e a geração de benefícios para a sociedade’, Maria Izabel Magalhães Gomes Ramos, gerente de Soluções Baseadas na Natureza da Petrobras, destacou as iniciativas da empresa na área ambiental. O programa ProFloresta+, em parceria com o BNDES, que promove a restauração de áreas degradadas na Amazônia, está entre os mais importantes. Segundo ela, o ProFloresta busca recuperar até 50 mil hectares de floresta, com a meta de capturar cerca de 15 milhões de toneladas de carbono.
Alexandre Viana Gebara, secretário executivo do Conselho Gestor do Fundo Soberano – COGEF do Estado do Espírito Santo, falou sobre os programas de desenvolvimento de longo prazo garantidos pelos royalties do petróleo. “Trata-se de uma poupança intergeracional. O Fundo Soberano do Espírito Santo registrou um saldo de R$ 2 bilhões em junho de 2025”, disse Gebara.
O presidente do IBP ressaltou que a experiência do Espírito Santo com o Fundo Soberano é muito importante para a recapacitação das comunidades e economias regionais. “Os recursos dos royalties devem ser redirecionados para a reinvenção do município”, disse.
Já a diretora executiva de Gás Natural do IBP, Sylvie D’Apote, destacou o gás como o combustível da transição energética global. A produção nacional está concentrada hoje, principalmente, nas regiões Sudeste e Nordeste. “Mas já existe importação de GNL (Gás Natural Liquefeito) em Belém, no terminal de Barcarena, e temos o grande potencial do biometano”, assinalou Sylvie.
Segundo ela, qualquer hidrocarboneto encontrado na região da Margem Equatorial vai contribuir muito para o desenvolvimento da região a partir da organização de uma nova atividade econômica. “A pobreza é o maior fator de problemas ambientais. Quando você introduz riqueza e desenvolvimento socioeconômico em uma região, automaticamente você vai numa direção de diminuir os impactos ambientas e as emissões”, afirmou.
O GNL, de acordo com a executiva, já está descarbonizando a Norsk Hydro, e pode contribuir para a substituição do óleo combustível em outras setores. “Também podemos pensar numa descarbonização do transporte pesado a partir do gás biometano”, afirmou.
A dificuldade na região Amazônica, segundo Sylvie, está na criação de uma rede de gasoduto, pela geografia da região. “Hoje nós temos um grande gasoduto que vai de Urucu a Manaus e uma pequena rede de distribuição na própria cidade de Manaus. Quando tivermos petróleo e gás na Margem Equatorial, será preciso ver como escoar esse gás”, observou. Os desafios de logística e infraestrutura da região foram foco de debate no painel ‘Desafios e gargalos para a distribuição de derivados nos Estados da Amazônia’. O gerente geral de Operações Logísticas da Petrobras, Adriano Valentim, disse que a extensão territorial da região Amazônica exige flexibilidades logísticas e adequações de infraestrutura para o bom funcionamento do setor petrolífero, sem risco de desabastecimento para as comunidades. Os períodos de cheia e seca dos rios, afirmou, são sempre preocupantes. “Não é sustentável viver na emergência. Precisamos de ações estruturantes, dragagens de trechos de rios, recuperação da malha viária. As políticas públicas têm impacto na eficiência do setor”, afirmou.
Para a diretora executiva de Downstream do IBP, Ana Mandelli, que mediou o painel, a logística para a exploração de petróleo na Amazônia desafia a engenharia. “Nos últimos dois anos, nós tivemos as secas mais severas da história e não deixamos nenhum consumidor para trás. O abastecimento de combustível em todos os Estados da Amazônia foi feito com a mesma segurança de sempre”, lembrou Ana, destacando a capacidade de atendimento desta indústria.
Ana Mandelli enalteceu que o trabalho integrado com os governos, na área executiva e na leitura de dados que mostrem mais previsibilidade sobre as condições climáticas, tem garantido segurança no abastecimento. “O que a gente espera, para a frente, é que mudanças estruturais sejam feitas nessa região para que a gente reduza as dificuldades e os custos nos momentos de crise”, disse.
A diretora de Downstream assinalou ainda que o apoio do poder público com ações que respondam às necessidades de infraestrutura precisa ser planejado e rápido. “Os recursos financeiros podem vir da iniciativa privada, que já mostrou que acredita no Brasil, no nosso desenvolvimento. A gente precisa que o governo seja célere na execução de ações estruturantes para que a gente consiga melhorar as condições de navegabilidade e rodoviária nessa região”, concluiu.