Fórum Net Zero 2023 destaca oportunidades para o Brasil


O Fórum Net Zero 2023, organizado pela Honeywell e Amcham, reuniu (25/7), em São Paulo, cerca de 200 lideranças de grandes empresas comprometidas com a neutralidade de carbono e o desenvolvimento de uma agenda ESG de longo prazo. O foco foram tecnologias e inovações disponíveis para as empresas aprimorarem suas jornadas sustentáveis.

O CEO da Amcham, Abrão Neto, abriu o encontro e antecipou uma novidade: “Em agosto, lançaremos um hub de descarbonização que reunirá empresas, startups e instituições para o desenvolvimento de projetos nesse tema”.

“A ideia do Fórum Net Zero é criar um ambiente único reunindo tecnologias de ponta que estão impulsionando a sustentabilidade em mercados importantes, além de oferecer acesso em primeira mão de casos bem-sucedidos para um mundo com menos carbono”, explicou José Fernandes, VP da Honeywell.

Nesta edição do evento, associados Amcham e clientes Honeywell tiveram contato com os avanços nas áreas de biocombustíveis, captura de carbono, armazenamento de energia e fontes renováveis. O evento reuniu lideranças do setor público e de grandes empresas como Petrobras, KPMG, Ecopetrol, BHP, GASCO, FS, RSB, The International Air Transport Association (IATA) e Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).

O ex-presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, fechou o encontro destacando que a energia verde representa uma rara oportunidade do Brasil dar um leapfrogging e saltar de patamar econômico. “O Brasil se posiciona como uma das fontes mais viáveis de energia verde de todo esse processo de descarbonização graças ao seu potencial hídrico, eólico, solar e biomassa”.

A necessidade de unir forças a nível global para frear o aquecimento global é uma oportunidade para o Brasil saltar de patamar e alcançar um nível mais alto de desenvolvimento, segundo Gustavo. Isso porque esse cenário exigirá investimentos, mudanças estruturais nos negócios, inovação e tecnologia. “Se formos competentes o suficiente para realizarmos nosso diferencial, isso traz oportunidades para o Brasil e setores industriais, como químico, de transportes, meio de capital e outros”, destacou lembrando que  para aproveitar essa oportunidade, o país precisará investir em capacitação.

Gustavo também apontou a questão da desigualdade. “Só vejo uma política de carbono zero sustentável no Brasil se ela tiver também esse condão de ser um vetor de redução das desigualdades sociais e das desigualdades regionais. Aliás,um dos maiores potenciais que nós temos nessas políticas de carbono zero é exatamente a de diminuir as desigualdades regionais.”

Outro entrave citado pelo economista é o Custo Brasil, nome dado para os fatores estruturais, burocráticos, trabalhistas e econômicos que aumentam o custo para fazer negócios e diminuem a competitividade do ambiente de negócios brasileiro. Ele destacou questões logísticas, regulatórias e tributárias como principais, e colocou a Reforma Tributária e outras reformas macroeconômicas e microeconômicas como fatores decisivos para aproveitarmos plenamente todo o potencial da agenda de carbono zero.

O encontro teve ainda uma edição no Rio de Janeiro, com foco em tecnologias voltadas para a redução da pegada de carbono nos setores de Oléo e Gás. O evento foi organizado pela divisão de Materiais de Performance e Tecnologias (PMT) da Honeywell, que, no ano passado, sozinha, respondeu por US$ 10 bilhões dos US$ 34,2 bilhões de vendas anuais da empresa. A presença da Honeywell na América Latina também é um dos eixos do evento, sobretudo com relação ao SAF (combustível de aviação sustentável) e à captura de carbono.

Vimal Kapur, CEO e Presidente de PMT na Honeywell, lembrou que a atuação em grandes setores da economia e a presença global colocam a multinacional numa posição de excelência com impacto real em sustentabilidade. “Com mais de 100 anos dedicados à inovação, a Honeywell tem, hoje, o objetivo de colaborar para uma maior sustentabilidade do planeta por meio da busca incessante por tecnologia avançada”, declarou.

O presidente da Honeywell ressaltou o protagonismo da região no cenário ambiental, incluindo os recursos de biomassa. Para ele, o forte investimento em novas tecnologias é a chave para proporcionar às empresas a possibilidade real de atingirem suas metas de sustentabilidade:

Deborah Vieitas, do board Amcham Brasil, avalia que o setor privado tem papel de destaque na agenda sustentável: “Um grande número de empresas avança rapidamente na direção de reformular seus modelos de negócios para que sejam sustentáveis. Acreditamos que é na direção de uma economia de baixo carbono que vamos poder garantir a retomada econômica brasileira e a preservação dos nossos biomas, garantindo uma melhor inserção internacional da nossa economia, uma posição melhor na conclusão de acordos, possibilidade de atrair mais investimentos, facilitar a entrada para a OCDE e aproximação com grandes parceiros”.

O fórum também abordou o financiamento inovador para projetos sustentáveis, e André Faveri subiu ao palco mais uma vez, acompanhado de Marcelo Marangon, presidente do CITI; Mauro Queiroz Mattoso, do BNDES; Ricardo Brito, presidente da Desenvolve SP (a agência de fomento do governo do Estado de São Paulo); e Natalia Biesiada, Estratégia e Inteligência da Invest SP (agência paulista de promoção de investimentos e competitividade). 

O encerramento trouxe reflexões sobre os aprendizados e o legado do evento, com Anne Madden, SVP e General Counsel da Honeywell. “Em resumo, acho que todos podemos concordar que, como líderes, nós temos um papel crítico para impulsionar a transição energética.” 

Joaquim Levy, Diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados do Banco Safra e ex-ministro da Fazenda do Brasil, encerrou o evento e reforçou o potencial do Brasil de ser elemento chave na transição energética: “Vocês viram hoje que há inúmeras formas do Brasil avançar na descarbonização, e nem sempre elas serão mais caras que a tecnologia convencional. Acredito que o Brasil consiga se tornar net zero até 2040 – mas não podemos pensar nessa meta de forma pessoal, precisamos pensar em exportar essa tecnologia para o resto do mundo.” 

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