O Instituto Amazônia+21 lançou uma plataforma para atrair investimentos que financiarão negócios sustentáveis na Amazônia. A organização é uma iniciativa de empresários da região e conta com o suporte da Confederação Nacional da Industria (CNI) e das nove federações das indústrias dos estados da Amazônia Legal – Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima, Pará, Maranhão, Amapá, Tocantins e Mato Grosso.
A ferramenta Facility de Investimentos Sustentáveis funcionará por meio de um blended finance. A intenção inicial é captar R$ 600 milhões nos primeiros três anos. Ao longo de 10 anos, a meta é chegar a R$ 4 bilhões. A CNI é a primeira instituição a investir no fundo, ao comprar uma das dez cotas pioneiras no valor de R$ 2 milhões.
Participaram do lançamento da iniciativa, em São Paulo (SP), cerca de 140 empresários, dirigentes e representantes de instituições financeiras, fundos de investimento, associações e federações de indústrias.
Na abertura, o presidente da CNI, Ricardo Alban, defendeu a exploração sustentável da floresta como forma de produzir renda e riqueza especialmente para as populações locais. “Não podemos nos dar ao luxo de desprezar o potencial da Amazônia em todos os aspectos, seja na biodiversidade ou nas riquezas naturais, mas eles têm de ser transformados em bem para o Brasil e para a humanidade”, disse.
O presidente do Instituto Amazônia+21, Marcelo Thomé, disse que a CNI, ao dar o exemplo e investir na primeira cota do fundo, reforça o compromisso da indústria brasileira com a agenda da sustentabilidade.
“Os eventos climáticos cada vez mais extremos exigem ação imediata, e é isso que a gente está propondo” destacou. “Estamos muito animados com a possibilidade de impulsionar negócios sustentáveis na Amazônia. Se somarmos esforços, seremos vetores de investimento e contribuiremos para melhorar a vida de 30 milhões de brasileiros que vivem na região”, completou Thomé, destacando que 70% dessas pessoas vivem em núcleos urbanos e que, portanto, o país precisa melhorar a infraestrutura das cidades.
O prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves, e as instituições parceiras da iniciativa participaram do lançamento. O Serviço Nacional de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) foi representado pela gerente adjunta da Unidade de Inovação, Anny Pricyla; a APEX, pelo diretor Floriano Pesaro; a ABDI, pela diretora de Economia Sustentável e Industrialização, Perpétua Almeida; a BEMOL, pelo presidente, Denis Minev; e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), pela coordenadora de Programa, Maristela Baioni, que explicou o apoio da instituição à iniciativa.
“A Facility representa uma esperança, uma oportunidade de transformação, de desenvolvimento humano e sustentável para a região Amazônica. Nós do PNUD temos a clareza de que com o sucesso da Facility será possível levar essa experiência para outros países e provocar uma transformação planetária, e renovar as nossas esperanças não só para a nossa geração, mas para gerações futuras”, disse Baioni.
O representante regional da ONU-Habitat para a América Latina e Caribe, Elkin Velásquez, apresentou a jornada de concepção e a implementação da Facility de Investimentos da instituição, que inspirou a construção da Facility de Investimentos Sustentáveis. Na sequência, Carol Vilanova apresentou a Flor de Jambu, um negócio da Bioeconomia Amazônia e parte portfólio da Facility, explicando o contexto do ecossistema.
O blended finance é uma forma de financiamento misto, unindo recursos que podem ser comerciais, públicos, de fomento e filantrópicos, para viabilizar projetos de impactos positivos sociais e ambientais. Com esse valor, o Instituto Amazônia+21 espera o desenvolvimento de uma economia de alto valor agregado, justa e inclusiva no bioma; redução do desmatamento, das emissões, da poluição e aumento da conservação da biodiversidade; desenvolvimento socioeconômico e a melhoria das condições de vida das populações locais; ampliação e diversificação da oferta de bens e serviços no território.
A Facility de Investimentos trabalhará simultaneamente com quatro plataformas em setores como bioeconomia, energia renovável e turismo sustentável: Plataforma de investimentos que destinará capital para empresas, projetos e iniciativas em setores estratégicos da economia verde; de assistência técnica para estruturação de projetos financiáveis e de impactos positivos sociais e ambientais; de engajamento multistakeholder para promover a cooperação entre todos os atores; de conhecimento para criação de dados e de informações quantitativas e qualitativas sobre a Amazônia.
Entre os benefícios para os doadores, estão a alavancagem de capital em até sete vezes e a participação na governança da ferramenta. Já para os investidores comerciais, estão previstos retornos financeiros semelhantes às taxas e ao prazo do mercado tradicional. Além disso, doadores e investidores contribuirão no combate à mudança climática e na conservação do meio ambiente e da biodiversidade.
O portfólio da Facility de Investimentos Sustentáveis já conta iniciativas como projetos de 96 startups voltados para o desenvolvimento da bioeconomia na Amazônia. As iniciativas, selecionadas pelo programa Inova Amazônia, do Sebrae, receberão assistência técnica e financeira; o Centro de Bioeconomia e Conservação da Amazônia, em Porto Velho (RO). Com uma área de cerca de mil hectares, o local receberá o plantio de pelo menos 100 espécies de plantas amazônicas que devem ser estudadas. Além do plantio, o centro deve reunir vitrines tecnológicas, áreas de restauração da Floresta Amazônica, laboratórios e escritórios: tudo voltado para pesquisa e produção de mudas e sementes da Amazônia; o Projeto de Habitação Social, em parceria com a Caixa Econômica Federal, que prevê a construção, em prova de conceito, de oito unidades habitacionais sustentáveis em palafitas e uma estrutura social de 300m² com o uso de madeira engenheirada (processada industrialmente para otimizar o seu desempenho para uso na Construção Civil). O potencial de médio e longo prazo inclui um plano de desenvolvimento urbano sustentável do bairro, com arquitetura financeira híbrida para viabilizar sua implementação e escala de produção de moradias sustentáveis; estudo para a conversão de lixões em aterros sanitários na região da Amazônia Legal.