Governo apresenta cinco rotas de integração sul-americana


O debate sobre a integração sul-americana encerrou a edição Brasília, do projeto Diálogos Amazônicos, uma promoção da FGV – Fundação Getúlio Vargas e apoio do Cieam – Centro das Indústrias do Estado do Amazonas.

O secretário de Articulação Institucional, do Ministério do Planejamento, João Victor Villaverde, foi quem apresentou o projeto do governo federal, que já traçou cinco rotas de integração do Brasil com a América do Sul.

O investimento dos países sul-americanos no projeto tem previsão de US$ 10 bilhões de dólares, com 190 obras de infraestrutura somente no lado brasileiro. Segundo Villaverde, a reunião de todos os 11 presidentes da América do Sul, em maio de 2023, no Brasil – que não ocorria havia nove anos – trouxe o “Consenso de Brasília” e definiu o projeto de integração de todo o território latino-americano.

“Temos um duplo proposito para fazer a integração sul-americana. Primeiramente, podemos e devemos fazer mais negócios, mais turismo mais oportunidades de emprego, mais pesquisa com os nossos irmãos sul-americanos. Em segundo lugar, enquanto a gente se integra mais com os países que são banhados pelo Pacífico, a gente também se aproxima, pelo Pacífico, de quem compra o que a gente vende, a China”, argumentou.

De acordo com o secretário, os levantamentos do Ministério do Planejamento revelam que, entre os anos 2000 e 2012, o principal destino de exportação do Brasil eram os Estados Unidos. Desde, então, majoritariamente, é a China.

Em 2023, as vendas brasileiras para o país ultrapassaram, pela primeira vez, o valor de US$ 100 bilhões e a corrente do comércio bilateral entre os países chegou a US$ 157,5 bilhões. Daí o interesse do governo brasileiro nessa integração pelo oceano Pacífico.

Aos empresários do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas e demais participantes do Diálogos Amazônicos, João Victor Villaverde mostrou as cinco rotas de integração sul-americana projetadas pelo governo brasileiro:

  • Rota 1 – Ilha das Guianas – contempla fundamentalmente o Amapá e Roraima, mas também o Norte do Pará e Amazonas, com a Guiana Francesa, Suriname, Guiana e Venezuela;
  • Rota 2 – Amazônica – integra o Amazonas à Colômbia, Equador e Peru, a chamada rota da Amazônia. Para o Amazonas, essa rota é uma das importantes porque, segundo o secretário do governo, quando estiver pronta e interligada aos modais rodoviários e hidroviários vai chegar ao porto de Chancai, no Peru, via município Tabatinga.
  • Rota 3 – Quadrante Rondon – é a rota do Futuro porque ela pega a potência agrícola do Mato Grosso; uma potência agrícola crescente, que é Rondônia, além do Acre, todo o Norte e Centro-Oeste do Brasil com a Bolívia, rica em fertilizantes, que tanto o país necessita para o agronegócio. E ainda o Peru e o Norte do Chile;
  • Rota 4 – Bioceânica de Capricórnio – de caráter bioceânico, a rota prevê saída do Atlântico, pelo porto de Santos, e chegada no porto Antofagasta, em Iquitos, Chile, no oceano Pacífico ou vice-versa.
  • Rota 5 – Porto Alegre-Coquimbo – essa rota passa pelo Rio Grande do Sul, Uruguai, Argentina que desemboca um Coquimbo no sul do Chile.

No caso da Região Norte, a atenção se volta para a Rota Amazônica (2) porque a potencialidade das exportações é promissora, de acordo com o secretário do Ministério do Planejamento, principalmente com produtos da bioeconomia, máquinas, equipamentos e bens de consumo de Manaus para o Peru, Equador e Colômbia, além da Ásia e América Central. Pelo projeto do governo, os novos setores da economia a serem promovidos na Rota Amazônica serão: isqueiros, motocicletas, canetas, barbeadores, aparelhos de TV e som, bens de bioeconomia e indústria naval.

Para viabilizar as cinco rotas de integração da América do Sul, cerca de 190 obras estão no novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), dentre elas 65 rodovias, 40 obras hidroviárias, 35 aeroportuárias, 21 portos, 15 infovias, 9 ferrovias e 5 linhas de transmissão de energia.

Já o financiamento dessas obras, pelo lado brasileiro, o governo já levantou recursos no valor de US$ 10 bilhões, sendo US$ 3,4 bilhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), US$ 3 bilhões do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), US$ 3 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômicos e Social (BNDES) e US$ 600 milhões do Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata).

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