A Evolua Energia e a Trinity Energias Renováveis, uma das maiores comercializadoras de energia renovável do país, firmaram um acordo para a criação de uma joint-venture com o objetivo de explorar as recentes mudanças regulatórias do mercado livre de energia. A expectativa é de que a nova companhia atinja mais de 10 mil clientes dentro dos próximos quatro anos. Visando atender médias e grandes empresas, com demanda mensal entre 30 kW e 500 kW de energia, a iniciativa busca democratizar ainda mais o acesso à energia limpa e oferecer uma experiência diferenciada aos clientes com esse perfil de consumo.
A partir do acordo, Evolua e Trinity irão aproveitar a sinergia das operações para complementar as competências de cada uma. Enquanto a primeira atua no segmento de geração distribuída, com grande expertise no varejo, a segunda é especialista no segmento de mercado livre, com mais de 10 anos de experiência no atacado.
De acordo com Tarcísio Neves, CEO da Evolua Energia, o acordo visa unir forças para ampliar o atendimento ao mercado livre, gerando economia nos custos e um consumo limpo aos novos potenciais consumidores. “A união da expertise das companhias visa alcançar eficiência operacional e sustentabilidade em um mercado que apresenta um crescimento sem precedentes. Com um foco central na simplificação dos processos de forma automatizada, a joint-venture integrará a tecnologia ao ciclo de contratação e ao relacionamento, buscando uma abordagem mais próxima e personalizada, que visa facilitar a interação e aumentar o tempo de vida do cliente com a empresa”, explica.
Para João Sanches, CEO Trinity Energias Renováveis, a sinergia entre Evolua e Trinity será um marco significativo para o mercado livre de energia, impulsionando inovação, sustentabilidade e eficiência. Ainda segundo ele, a iniciativa já mira também uma preparação para expansão das operações aos segmentos de baixa tensão e residencial, à medida que o mercado livre avance no país. Hoje já existem dois projetos de lei que tramitam na Câmara e no Senado, que tratam sobre a expansão do Ambiente de Contratação Livre (ACL) para todos os consumidores nacionais. “Estamos nos antecipando às mudanças que beneficiarão todo o segmento, de maneira similar ao observado em outros mercados globais, como na Europa e EUA”, completa.
Hoje a Trinity transaciona um volume de mais de 2 GWm (equivalente a mais de 1,5 bilhão de kWh) por mês, que corresponde a 5% do mercado livre, enquanto a Evolua tem uma atuação direta em 8 estados e conta com parceiros de grande relevância a nível nacional, atendendo mais de 60% dos municípios destes estados. Com a criação da joint-venture, a Evolua passa a ter uma atuação nacional, atendendo a todos os estados.
Visando conquistar os novos potenciais clientes, as empresas apostam ainda em diferenciais competitivos como o uso de uma plataforma de CRM, o foco na experiência do cliente e na escala do modelo de negócio. Adicionalmente, o projeto busca transcender a simples venda de energia limpa, auxiliando os clientes a obterem certificados de energia renovável, selos de energia limpa e o I-Rec, um reconhecimento internacional de abastecimento sustentável.
Para atender os clientes será criado um processo automatizado e diferenciado para a contratação e acompanhamento dos clientes. Nesse caso, as empresas irão aproveitar a sinergia das operações para complementarem as competências de cada uma na joint-venture.
Vale ressaltar que a abertura do mercado livre de energia no contexto internacional já ocorre em níveis avançados, gerando uma transformação significativa na forma como consumidores e empresas interagem com o setor energético. Nos EUA, por exemplo, 65% dos consumidores são livres para optar pelo seu fornecedor energético. Já na maioria dos países da Europa, o mercado regulado nem existe mais, fazendo com que os consumidores negociem a energia elétrica livremente, inclusive para as suas residências.
No Brasil, com a recente atualização do mercado livre de energia marcada pela Portaria 50/2022, haverá uma significativa expansão do acesso a este mercado. Anteriormente, somente unidades consumidoras com demanda superior a 500 kW, como indústrias, mineradoras e siderúrgicas, podiam aderir ao mercado livre de energia – até então 36 mil unidades consumidoras estavam usufruindo do benefício. Com as novas regulamentações, o número potencial de unidades consumidoras elegíveis aumenta para cerca de 165 mil empresas em 2024, segundo dados da Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica. Já os 89 milhões de consumidores que recebem energia em baixa tensão, formado principalmente por residências, seguem sem autorização para escolher o fornecedor de energia elétrica, enquanto as discussões sobre o assunto não avançam no Congresso.