O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decretou a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A medida deve afetar de forma significativa diversos setores da indústria nacional, especialmente aqueles com maior valor agregado e forte presença nas exportações.

A Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) recebeu com grande preocupação o anúncio da tarifa. De acordo com José Ricardo Roriz, presidente do conselho da entidade, o impacto será profundo e duradouro. “O plástico está presente em 95% do PIB. Onde há produção, há plástico: no avião, no carro, no trator, na agricultura, no saneamento, na construção civil. Ele está em tudo, seja como produto final ou como componente essencial de produtos exportados. Vamos sofrer com a queda direta nas exportações e também com o deslocamento de empresas que podem deixar o Brasil para operar em mercados com acesso livre aos Estados Unidos”.
Segundo Roriz, a medida pode comprometer até 20% das exportações brasileiras ligadas direta ou indiretamente ao setor plástico, representando uma perda estimada entre US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões. Além da retração comercial, o presidente da Associação alerta para um possível movimento de desindustrialização, com empresas transferindo suas operações para outros países para preservar acesso ao mercado norte-americano. “Além de perdermos exportações, podemos perder também empresas que preferiram se instalar fora do Brasil. As que permanecerem aqui podem reduzir produção, antecipar férias coletivas e cortar investimentos”.
Roriz também fez duras críticas à condução da política externa brasileira. “Já sabíamos, desde a campanha, que Trump adotaria essa postura. Ainda assim, nossa diplomacia foi inoperante, e os dois extremos da política nacional contribuíram para o agravamento do cenário. Tínhamos uma tarifa confortável de 10%, a mais baixa entre os países, e deixamos essa vantagem se perder por falta de ação e articulação. Agora, quem paga a conta é a sociedade, com impactos em empregos, investimentos e no ambiente de negócios” O presidente do conselho da Abiplast também destaca que empresas brasileiras dependem de investimentos e tecnologias desenvolvidas nos Estados Unidos. “Vivemos um momento em que a indústria precisa investir em modernização, inteligência artificial e inovação. Os Estados Unidos são líderes nesse processo. Ao bloquear o acesso comercial ao mercado americano, também dificultam a renovação tecnológica das empresas brasileiras”.
A Abiplast reforça seu compromisso com a defesa da indústria nacional, da inserção internacional responsável e da manutenção de empregos qualificados. E apela por uma atuação mais pragmática e estratégica da diplomacia brasileira, capaz de proteger os interesses do setor produtivo em meio a um cenário internacional cada vez mais desafiador.

