Por – Grupo IBS Energy
Em 2024, a seca recorde que impactou a geração de energia, especialmente nas hidrelétricas, trouxe um grande desafio para o setor elétrico brasileiro. A escassez de água levou ao acionamento preventivo das termelétricas e de fontes de energia mais caras, o que afetou os custos e resultou na aplicação de bandeiras tarifárias mais altas. Mas apesar da dificuldade climática, o setor demonstrou resiliência com a recuperação da capacidade de geração. E deve enfrentar um ano de 2025 muito mais tranquilo e com estabilidade na bandeira tarifária.
Outro marco de 2024 foi a expansão do Mercado Livre de Energia, com a adesão de muitas empresas ao modelo. A Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica também anunciou mudanças regulatórias importantes, como a abertura gradual do mercado livre para consumidores de baixa tensão, o que promete democratizar o acesso a preços mais competitivos e a escolhas mais flexíveis.
Com a lei do Mercado de Carbono, sancionada no final de 2024, o país deu um passo importante para regulamentar o setor e incentivar o uso de tecnologias para reduzir emissões de CO₂. Vale destacar ainda a aprovação do marco legal do hidrogênio verde e da lei Combustível do Futuro, que estabeleceu o programa nacional para o desenvolvimento e uso de combustíveis sustentáveis. E, em dezembro, o Senado aprovou a proposta de marco legal das usinas eólicas offshore, instaladas em plataformas em alto-mar
Ministério de Minas e Energia projeta um aumento de 3,6% no consumo de energia elétrica no Brasil em janeiro de 2025, totalizando 82.493 MWmed no Sistema Interligado Nacional. Esse crescimento reflete a retomada econômica, impulsionada pela matriz energética limpa e renovável do país, que converte a maior demanda em geração de emprego e renda. O destaque regional é o Norte, com aumento de 10,2%, seguido pelo Sul (+3,9%), Nordeste (+3,1%) e Sudeste/Centro-Oeste (+2,6%).
O Mercado Livre de Energia (MLE) continuará sua expansão em 2025, com uma previsão de adesão de mais de 27 mil empresas até o fim deste ano, segundo a ANEEL. A abertura do mercado para consumidores de baixa tensão permitirá que um número crescente de consumidores tenha acesso a preços mais competitivos e à liberdade de escolher seu fornecedor de energia, o que tornará o mercado mais dinâmico e eficiente.
O setor elétrico em 2025 também será marcado por um intenso calendário de leilões de energia e de baterias de armazenamento. Este ano teremos o segundo Leilão de Reserva de Capacidade, onde poderão participar empreendimentos termelétricos e hidrelétricos.
A Aneel também planeja realizar leilões inéditos para a contratação de sistemas de armazenamento, com foco em baterias. Essas baterias serão essenciais para armazenar a energia gerada por fontes renováveis, como solar e eólica, equilibrando oferta e demanda. As baterias também ajudarão a otimizar o uso da energia gerada durante o dia, reduzindo a necessidade de termelétricas, com uma economia estimada de 50% em relação ao despacho dessas unidades.
A modernização regulatória será essencial para impulsionar o dinamismo do setor elétrico em 2025. As melhorias no Mercado Livre de Energia prometem ampliar o acesso a condições mais vantajosas e diversificar as opções de contratação para consumidores e empresas. Iniciativas lideradas pela ANEEL e pelo governo, como a simplificação de processos e a revisão tarifária, visam atrair investimentos e fortalecer a competitividade do mercado. Além disso, atualizações nas normas sobre geração distribuída, eficiência energética e armazenamento de energia serão fundamentais para fomentar a inovação e tornar o setor mais acessível e eficiente.
Com a sanção da Lei 15.042/24, que marca o início oficial do mercado regulado de carbono no Brasil, a expectativa é de a tecnologia que visa reduzir as emissões de CO₂, ganhará bastante relevância, especialmente em processos industriais e energéticos e deve gerar ganhos imensos. Segundo a consultoria McKinsey, em termos globais, os valores vão de US$ 50 bilhões, em 2030, apenas com o mercado voluntário. Já de acordo com a Bloomberg NEF, há a possibilidade de alcançar US$ 1 trilhão, em 2050.
A COP30 colocará o setor brasileiro no centro da transição energética global em 2025. Com o evento, que será realizada em novembro, em Belém, no Pará, o país deve atrair todas as atenções e responder às expectativas. O encontro reunirá líderes mundiais para discutir soluções para a transição energética e como enfrentar os desafios impostos por eventos climáticos extremos.
A adoção de veículos elétricos no Brasil está em ascensão, com projeções de mais de 2 milhões de veículos até 2030, aumentando a demanda energética e a necessidade de integração entre os setores de transporte e energia. Paralelamente, o hidrogênio verde desponta como solução para descarbonizar setores como transporte marítimo e indústria. Com vasto potencial de energia renovável, o Brasil lidera iniciativas no Nordeste, consolidando-se como protagonista na transição para uma economia de baixo carbono.
De acordo com o plano operacional de médio prazo, que norteará o SIN – Sistema Interligado Nacional, divulgado pelo ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico, o setor de energia elétrica brasileiro contará com R$ 7,6 bilhões em investimentos previstos para o período de 2025 a 2029. Do total previsto no plano, R$ 5,8 bilhões serão destinados apenas a novos empreendimentos. Além disso, o setor também contará com cerca de 1.260 Km de novas linhas de transmissão e 14.750 Megavoltampère (MVA) – potência aparente – de novos transformadores em subestações, tanto nas já existentes quanto em novas