Parceria entre Desenvolve SP e Semil viabiliza crédito para troca de equipamentos e geração de energia renovável


Micros, pequenas e médias empresas do estado de São Paulo irão ganhar uma nova ferramenta que facilita o acesso ao crédito para implementar a transição energética. O Programa Investimentos Transformadores de Eficiência Energética na Indústria (PotencializEE) passa a contar com o Fundo de Aval da Eficiência Energética (FAEE) no valor inicial de €$8milhões.
O Fundo vai facilitar o acesso ao crédito concedido pela Desenvolve SP para investimentos em equipamentos e tecnologias que modernizem as plantas industriais paulistas. Com condições mais favoráveis, serão financiados tanto projetos de geração de energia elétrica própria, quanto troca de maquinário por modelos mais eficientes e modernos. Os valores serão disponibilizados por meio do operado pela Desenvolve SP. O PotencializEE é fruto de uma parceria entre a agência de fomento paulista, vinculada à Secretaria do Desenvolvimento Econômico (SDE), com a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil).

A iniciativa conta ainda com o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), que prestará consultoria especializada para as empresas participantes; e da Agência Alemã de Cooperação Internacional (Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit – GIZ), que aportou o recurso inicial.
A estimativa da Desenvolve SP e da Semil é movimentar ao menos R$ 420 milhões em crédito, beneficiando ao menos 425 indústrias de até médio porte. Uma das estratégias para chegar a este número é reduzir as garantias normalmente exigidas nas operações de crédito. Esta redução foi viabilizada pelo valor aportado pela GIZ.

São Paulo tem como meta economizar mais de 7 TWh no consumo de energia até 2025 na esfera do PotencializEE – o que equivale mais que o dobro do consumo de energia elétrica da cidade de Campinas. Com isso, espera-se mitigar a emissão de 1,1 milhão de toneladas de dióxido de carbono (CO₂). Neste contexto, o FAEE contribui para o atingimento dessa meta, ao facilitar financiamentos para sistemas de refrigeração, aquecimento e cogeração, além da avaliação de usabilidade de equipamentos e tecnologias eficientes como motores, bombas, ventiladores, ar comprimido e outros. Futuros programas usando o FAEE poderão ser desenvolvidos para contribuir ainda mais com a redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE).

A secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), Natália Resende, acredita que o Fundo será um importante instrumento de política pública na aceleração do Estado rumo à neutralidade de carbono e que ele vai destravar investimentos importantes em eficiência energética. “Com a operacionalização desse fundo, estamos dando mais um importante passo para impulsionar a descarbonização almejada nos nossos planos de Ação Climática e de Energia e tornar as pequenas e médias indústrias paulistas mais competitivas, reduzindo custos operacionais e promovendo a geração de emprego e renda”, avalia.

Para promover ações de conscientização, capacitação e certificação de consultores, além de realizar diagnósticos energéticos subsidiados e apoiar a implementação de projetos de eficiência energética, o FAEE também conta com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Estado de São Paulo (Senai-SP). Ricardo Terra, diretor Regional do Senai-SP, enfatiza que, como o Brasil já possui uma matriz energética com grande participação de energias renováveis e limpas, a transição energética deve começar com a eficiência energética e que investimentos em tecnologias sustentáveis são essenciais para neutralizar a emissão de CO2e no setor industrial. Ele destaca a importância de apoiar não apenas as grandes indústrias, mas também as pequenas e médias empresas, proporcionando-lhes acesso a soluções tecnológicas e condições financeiras viáveis para esses investimentos.

O diretor executivo de Gestão, Infraestrutura e Construção Civil da Fiesp, André Rebelo, destaca que pesquisa realizada pela federação com empresários apontou que o maior obstáculo para o crescimento de micros, pequenas e médias  empresas, excetuando-se juros, câmbio e carga tributária, é o preço da energia elétrica. O executivo lembra que grandes empresas podem investir na eficiência, pois têm tecnologia e acesso a crédito. As pequenas precisam de apoio. O PotencializEE, utilizando recursos da GIZ, subsidia a consultoria para a eficiência energética feita pelo Senai-SP. Como a implantação de melhorias sempre demanda investimento, enfrentamos o problema do acesso ao crédito. “O fundo de aval de eficiência energética do PotencializEE auxilia a pequena empresa no acesso ao crédito, pois reduz o risco da operação e contribui para a redução dos juros cobrados. Assim, o PotencializEE, junto com o fundo de aval, aumenta a competitividade da pequena empresa ao mesmo tempo em que reduz o consumo de energia, contribuindo para a transição energética”, conclui o diretor da Fiesp, instituição que representa potenciais beneficiários do FAEE.

Martina Hackelberg, cônsul-geral da Alemanha em São Paulo, destacou a longa cooperação Brasil-Alemanha para o desenvolvimento sustentável em São Paulo. “Alemanha e Brasil estão unidos na colaboração para uma indústria sustentável e neutra para o clima. Ao alavancar novas soluções tecnológicas que promovem a eficiência energética em pequenas e médias empresas na região mais industrializada do país, o programa PotencializEE fornece uma contribuição relevante neste caminho. O fato de que o Fundo de Aval eleva nossa cooperação de longa data a um novo nível é uma boa notícia para os objetivos climáticos assim como para a competitividade das empresas”, sublinha a cônsul-geral da Alemanha em São Paulo.

“O pequeno e médio industrial não deixa de trocar máquina porque não quer trocar, mas sim porque precisa de 130%, 150% de garantia para trocar uma máquina. Com o PotencializEE, depois de passar por uma consultoria do Senai, a indústria vai precisar de 20% de garantia”, resume o diretor-presidente da Desenvolve SP, Ricardo Brito. O gestor afirmou ainda que a agência de fomento vai buscar aportes de outras instituições, nacionais e internacionais, para aumentar a abrangência do programa.

De acordo com Brito, o programa promove ganhos em várias dimensões, já que reduz os custos de produção e de consumo de energia (resultando menos emissão de carbono e potencial para redução dos preços finais dos produtos), além de melhorar a competitividade das empresas.

“O custo da energia é uma das maiores dores da indústria, que consome cerca de 40% da energia de São Paulo. Além disso, as máquinas industriais hoje têm, em média, 20 anos de uso. Então, o PotentializEE resolve o problema do custo da energia, mas resolve também o problema da idade das máquinas”, concluiu o diretor-presidente da Desenvolve SP.

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