O setor de energia está passando por transformações rápidas e significativas, impulsionadas por inovações tecnológicas, mudanças regulatórias e novas demandas do mercado.
Projetando 2025, Alan Henn, engenheiro elétrico e CEO da Voltera, compartilha uma visão aprofundada sobre as tendências que estão se destacando no setor e os desafios que serão enfrentados para garantir o crescimento sustentável desse modelo.

1. Crescimento do mercado livre:
“O mercado livre continuará atraindo novos consumidores, mas o ritmo de migração deve ser um pouco mais moderado em relação a 2024. Isso é um processo natural da adaptação do mercado após um período de forte expansão, como o que ocorreu no ano passado com a abertura parcial do mercado livre para qualquer empresa do Grupo A”, analisa Henn. Apesar de um crescimento mais lento, ele ressalta que o modelo se mantém como uma solução viável para empresas que buscam reduzir custos em um cenário de aumento nas tarifas das distribuidoras.
2. Abertura para consumidores de baixa tensão:
Entre os avanços esperados, está a formalização e um cronograma definitivo da abertura do mercado livre para consumidores de baixa tensão (grupo B) – medida que pode beneficiar principalmente pequenas empresas e residências. “Esse é um passo importante para democratizar o acesso à energia renovável e aliviar o impacto das tarifas nas operações desses consumidores”, explica o executivo.
3. Consolidação de comercializadoras no mercado:
O setor deve presenciar uma onda de aquisições de pequenas gestoras regionais por grandes grupos. “Essa consolidação mostra que o mercado está mais maduro e tende a trazer mais estabilidade ao setor. Essa movimentação serve como um alerta para que os consumidores adotem maior critério na escolha de seus fornecedores, olhando sempre para a solidez das empresas e o histórico de entrega e confiabilidade”, pontua Henn.
4. Desafios jurídicos: o impacto do curtailment:
Uma questão que pode gerar instabilidade são as disputas judiciais relacionadas ao curtailment, semelhantes ao que ocorreu no passado com o GSF nas hidrelétricas. “Será importante ficarmos atentos e que o setor se prepare para lidar com esses eventuais litígios, que podem impactar a segurança jurídica e o planejamento das empresas”, comenta.
5. Reajustes tarifários das distribuidoras:
Os consumidores devem se preparar para reajustes tarifários mais elevados em 2025 do que tivemos em 2024. Para o CEO, isso reforça ainda mais os benefícios de migrar para o mercado livre. “Além de proporcionar uma economia direta, a portabilidade também dá às empresas mais controle sobre seus custos energéticos, o que é vital em momentos de aumento tarifário, como o que é aguardado para este ano.”
6. Fortalecimento e regulação do setor:
Henn destaca a importância de uma atuação conjunta da CCEE, Aneel e ONS para garantir a eficiência e a segurança do mercado. “Precisamos de regras claras e uma fiscalização rigorosa para evitar aventureiros que podem causar prejuízos sistêmicos. A construção de um mercado confiável beneficia não só as empresas, mas todos os consumidores.”
Para Alan Henn, as tendências de 2025 trazem desafios, mas também oportunidades de inovação e crescimento. “Estamos confiantes de que o mercado livre continuará avançando, ajudando empresas de todos os portes a se tornarem mais competitivas e sustentáveis. É um momento de amadurecimento para o setor, em que planejamento estratégico será o diferencial para os consumidores.”