Em entrevista ao G20, Tawfic Jelassi, diretor da UNESCO, falou sobre a liberdade dos meios de comunicação social, a literacia informacional, a segurança dos jornalistas e a luta contra a desinformação com a iniciativa “Internet for Trust”. Também abordou a transformação digital, a ética na IA e a inclusão de línguas indígenas e de pessoas com deficiência no espaço digital.
Tawfic Jelassi, vice-diretor geral de comunicação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), participou de reunião do Grupo de Trabalho de Economia Digital, em Maceió. Ele destacou o compromisso da UNESCO em apoiar o Brasil na promoção da integridade da informação, tema que também foi abordado nas discussões da COP 30. Entre as principais iniciativas da UNESCO estão o projeto “Internet for Trust”, que visa combater. desinformação, deep fakes e trabalho sobre ética em inteligência artificial, que busca garantir práticas responsáveis.
Jelassi também abordou a transformação digital, que vai além da simples digitalização. Segundo ele, a colaboração entre o G20 e a UNESCO reflete um compromisso global com a integridade da informação e a promoção de um ambiente digital inclusivo e ético.
A UNESCO trabalha em diversas questões e o ponto comum entre essas agendas é o fluxo de informações. A informação deve ser partilhada, disseminada e comunicada. Hoje, isso acontece principalmente por meio da internet, das plataformas digitais e das redes sociais. A informação factual, verificada e objetiva é essencial para promover o diálogo intercultural e a compreensão mútua entre os povos e nações e, portanto, é um elemento central para promover a paz. Esta missão é cumprida através da educação, da ciência, da cultura e, claro, da comunicação e da informação.
Uma das principais questões que a UNESCO tem abordado é a luta contra a desinformação e o discurso de ódio.
A UNESCO começou a trabalhar no tema da ética na IA muito antes dos debates atuais serem acelerados por tecnologias como o ChatGPT. Em 2018, a UNESCO aprovou o primeiro instrumento normativo global sobre ética na IA. Esta recomendação, agora apoiada por 194 países membros, orienta o uso responsável da IA em diversas esferas. Hoje, apoiamos mais de 60 países na implementação desta recomendação. Além disso, fornecemos um “kit de ferramentas” para ajudar os países a avaliar o seu nível de preparação para a aplicação ética da IA. Esta abordagem prática é fundamental para garantir que o documento não só permaneça no papel, mas também seja implementado.
A transformação digital é um tema de grande relevância e não se limita à digitalização de documentos, mas envolve a reformulação de processos inteiros. Além disso, também afeta os governos e o setor privado, que precisam de adaptar as suas operações para garantir que o acesso à informação seja amplo e eficaz. A UNESCO fornece ferramentas e quadros regulamentares para ajudar os governos e as organizações a adaptarem-se à nova realidade digital.