Asfalto modificado com plástico reciclado pós-consumo tem durabilidade três vezes maior do que o convencional


Pela primeira vez, uma rodovia brasileira foi pavimentada com asfalto produzido a partir de embalagens plásticas recicladas. O chamado GreenFlex® foi utilizado pela concessionária EIXO SP Concessionária de Rodovias S.A., que administra a Rodovia Washington Luís, no trecho de um quilômetro entre Rio Claro e São Carlos (SP). A tecnologia, inédita no país, foi desenvolvida pelo Centro de Soluções de Engenharia da Stratura Asfaltos, que desenvolveu um material mais sustentável e que, ao mesmo tempo, apresentou uma durabilidade três vezes maior que a de um asfalto convencional. A Stratura atua no mercado de produção de asfalto há quase seis décadas.

De acordo com o gerente de Operações e Tecnologia da Stratura Asfaltos, Emerson Maciel, os resultados foram acima do esperado. “Nós chegamos à conclusão de que a durabilidade é três vezes maior do que a de um asfalto convencional. Ou seja, ele apresenta um tempo de vida muito maior, porque o plástico reciclável traz melhores propriedades ao ligante asfáltico e consequentemente ao pavimento”, avaliou.
Maciel explicou que para o trecho pavimentado da rodovia foram utilizadas 30 toneladas de asfalto modificado com polímero, produzido com 450 kg de plástico reciclado – o equivalente a 200 mil unidades de embalagens recicladas. “Isso corresponde a uma redução de 900 kg de gases do efeito estufa, 450 litros de petróleo, 1.360 kw de energia elétrica e 3.550 litros de água que seriam utilizados para a produção do plástico.”, relatou Maciel. A pavimentação foi realizada em parceria com as empresas Eixo SP e Dow Brasil.

Segundo o gerente de Pavimentação da Eixo SP, Assis Villela, por ser o primeiro trecho experimental com esta tecnologia no Brasil, havia uma responsabilidade muito grande de todas as empresas envolvidas em de fazer um produto que tivesse um bom desempenho na estrada, após os resultados encontrados no laboratório.  

Para chegar ao produto final, foram realizados diversos testes e misturas nos laboratórios da Stratura Asfaltos, e, em seguida, após toda a avaliação técnica do material, o asfalto reciclado foi produzido industrialmente e enviado para a construção do trecho experimental da rodovia.
O plástico utilizado foi o de uso comum, que é utilizado em casa e descartado. O objetivo é criar uma economia circular dando uma nova destinação a este material.

De acordo com a cientista de Desenvolvimento e Aplicação da Dow Brasil, Renata de Oliveira Pimentel, é importante que todos descartem as embalagens plásticas de maneira correta, assim como a parceria com a indústria, fundamental para criar as soluções que vão trazer benefícios para todos. “Gostaríamos que essa solução pudesse ser implementada no Brasil inteiro. Fizemos um cálculo rápido, e, se conseguíssemos levar esta solução para todos os trechos pavimentados do país, a poderíamos retirar do sistema em torno de 800 mil toneladas de plásticos”, avaliou.

Para o desenvolvimento do asfalto, as embalagens plásticas pós-consumo são separadas por um centro de cooperativa, que as envia para outra empresa que faz toda a parte de processamento e de limpeza de extração de resíduos, para que o plástico seja coprocessado. Depois desta etapa, ele vira pastilhas plásticas, que são incorporadas dentro do ligante asfáltico.   Para Assis Villela, da Eixo SP, este resultado reduz muito a possibilidade de trincamentos e afundamentos na pista, contribuindo para dar mais segurança e conforto ao usuário.

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