Ex-diretor da Copel quer acesso a estudo de viabilidade


O diretor presidente da Enercons, engenheiro eletricista Ivo Pugnaloni, ex-Diretor de Planejamento da Copel e da Copel Distribuição, requereu ao governador Ratinho a publicação dos estudos que convenceram o conselho de administração a vender a particulares, doze das dezoito hidrelétricas da empresa.

Pugnaloni, que há 23 anos trabalha com energias renováveis, afirma ao governador que operar essas usinas valoriza a Copel e não o contrário, como afirma a Diretoria.

“Segundo a Bloomberg, os investimentos em princípios ESG serão de US$ 53 trilhões até 2025; subindo 51% em três anos e que nove em cada dez empresários planejam aumentar gastos ambientais. Isso significa juros mais baratos para o financiamento da expansão e melhoria da qualidade. Em todo o mundo, as hidrelétricas são a mais limpa, mais barata forma de gerar energia elétrica, mas de forma permanente, durante 24 horas por dia, sem necessitar gastos com baterias”.

Pugnaloni afirmou ao governador que as hidrelétricas ajudam na contenção de enchentes, senão totalmente, parcialmente. “Infelizmente no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, o exemplo do Paraná, não vingou, pois optamos por hidrelétricas como base de nossa industrialização, eles preferiram o carvão. E deu no que deu”.
Segundo Ivo, as hidrelétricas salvam vidas e patrimônio todos os dias quando reduzem a velocidade de escoamento e permitem regular o encontro das águas na foz dos rios. “Quando não existem hidrelétricas em um rio, é como se o semáforo de um cruzamento estivesse apagado e o engarrafamento é inevitável. Como os rios não tem paredes nem garrafa, a água sai do leito do rio e invade tudo.”

Em seu ofício, Ivo Pugnaloni lembra ao governador que as hidrelétricas servem ao abastecimento de água potável a centenas de cidades brasileiras tais como Salvador, mitigando efeitos de longas estiagens. “Hidrelétricas são a única forma de geração que é obrigada por lei a manter áreas de preservação permanente em seu entorno. E essas áreas evitam a ocupação e uso irregular do solo das margens, bem como a deposição de lixo nos rios. Elas viabilizam a piscicultura, o turismo, a educação ambiental, o lazer e a fruticultura irrigada por gotejamento”, disse Pugnaloni. “Todas essas vantagens que hoje a Copel ostenta no seu portfólio, fazendo dela uma empresa ESG, poderão se perder, e com isso, perder pontos no “ranking” ESG que regula muito os financiamentos bancários para infraestrutura”.

Pugnaloni ressaltou que o Paraná, maior acionista da Copel não pode ignorar os compromissos assinados com as populações indígenas do entorno de empreendimentos, pois não se tem certeza de que serão cumpridos pelos particulares que ficarem com elas. “Por exemplo da Terra Indígena Apucarana, no município de Tamarana, com a Hidrelétrica de Apucaraninha de 10 MW. Em termos de financiamentos para expansão e melhoria, seria um problema se os novos donos da Usina Apucaraninha, em busca de lucro fácil, quebrassem o relacionamento de hoje. Se forem pessoas contrárias aos direitos dos indígenas e da população ribeirinha, seus acionistas perderão muito no valor venal das ações.”

Ivo Pugnaloni reconheceu que o governador em diversas oportunidades demonstrou seu interesse em estimular o desenvolvimento deste setor de pequenas hidrelétricas por particulares. “Mas existem meios muito mais eficientes para ajudar o setor, do que vender usinas que, hoje melhoram o “ranking” da Copel exatamente por serem geridos pela empresa”. Formado engenheiro eletricista pela UFPR em 1976, ainda em franca atividade, consultor de mais de 110 empresas privadas, Pugnaloni recebeu em 2016 o Diploma e Medalha de Mérito da Engenharia Elétrica por relevantes serviços prestados do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná e Menção Honrosa pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia.

Do ex-governador José Richa, Ivo Pugnaloni recebeu agradecimento especial por sua atuação na simplificação de padrões construtivos das redes rurais de distribuição da Copel que reduziram em 42% os custos das ligações de energia aos pequenos proprietários. Pugnaloni criticou o fato da diretoria da Copel ter chamado de “desinvestimento” o fato de vender a particulares suas usinas já amortizadas, que podem gerar ainda por muitas décadas, com tarifas muito melhores do que as que recebem hoje, graças ao preço da geração distribuída.

“Parece que na hora da Copel lucrar com o que já está pago, querem entregar a única fonte renovável que opera permanentemente após as 18 horas, quando a energia solar acaba. Não podemos esquecer que a palavra “Paraná”, significa “rio semelhante ao mar” em tupi. E que nós, paranaenses, não” demonizamos” as hidrelétricas, que prestaram, prestam e prestarão enormes serviços à economia, ao meio ambienta e à sociedade paranaense, reduzindo os efeitos das grandes secas e enchentes que, a cada 11 anos, segundo a hidrologia, afetam nosso estado. Água doce será um bem estratégico na próxima década. Os senhores conselheiros precisam rever sua decisão. Não será nenhuma vergonha reverem sua decisão em face de mais informações por exemplo sobre as questões que levanto; será demonstração de maturidade, respeito à técnica e à ciência. Inclusive à ciência econômica”, concluiu

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