Financiadores de pesquisa definem diretrizes para o enfrentamento de novas pandemias

@Agência Fapesp

A Global Research Collaboration for Infectious Disease Preparedness (Glopid-R) reúne instituições financiadoras que investem em pesquisas relacionadas com doenças infecciosas novas ou reemergentes, tendo por objetivo preparar as sociedades e acelerar a resposta a surtos com potencial pandêmico. Os membros são agências nacionais de financiamento à ciência, institutos de pesquisa acadêmica e organizações filantrópicas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) é uma das entidades globais que participam como observadora. No Brasil, integram a Glopid-R o Instituto Butantan, em São Paulo, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, e a Fapesp, que sediou a nona edição da assembleia geral da Glopid-R.

A abertura do evento teve a participação de Charu Kaushic, diretora científica do Instituto de Infecção e Imunidade dos Institutos Canadenses de Pesquisa em Saúde (CIHR) e presidente da Glopid-R; de Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan; de Marco Aurélio Krieger, vice-presidente da Fiocruz; e de Niels Olsen Saraiva Câmara, assessor científico da FAPESP, representando o diretor científico Marcio de Castro.

Kaushic lembrou que, em 2020, mais de US$ 5 bilhões foram investidos no financiamento de pesquisas voltadas ao combate da pandemia de Covid-19. No total, foram mais de 15 mil auxílios. Mas esse enorme aporte de recursos ficou quase todo no chamado Norte Global, beneficiando primariamente os países mais desenvolvidos. Em 2021, já no segundo ano da crise sanitária, houve uma inflexão, agregando o Sul Global.

A Glopid-R dispõe atualmente de duas articulações regionais: uma na Ásia e outra na África. Esses hubs atendem à necessidade de conectar as agências de fomento com instituições governamentais e da sociedade, visando a prontidão e a eficácia da resposta diante de novos surtos com potencial epidêmico ou pandêmico. A nona assembleia geral recomendou a constituição de um hub latino-americano.

Pela primeira vez, uma assembleia geral da Glopid-R incluiu sessões abertas ao público, possibilitando o intercâmbio dos integrantes da colaboração com dirigentes de instituições regionais, pesquisadores e estudantes de pós-graduação.

A primeira sessão aberta tratou do tema “Beyond Covid: How to address future endemic and emerging infectious disease outbreaks?” (conduzida por Kaushic e Mariângela Simão, ex-diretora-geral adjunta da OMS para Acesso a Medicamentos e Produtos Farmacêuticos e diretora-presidente do Instituto Todos pela Saúde (ITpS). E teve a participação de Patricia Garcia, da Universidad Peruana Cayetano Heredia; de Michael Makanga, da The European and Developing Countries Clinical Trials Partnership; de Ester Sabino, da Universidade de São Paulo (USP); Ana Maria Henao-Restrepo, da Organização Mundial da Saúde; Esper Kallás, do Instituto Butantan; e Manoel Barral Netto, da Fiocruz/Bahia.

Durante a pandemia de Covid-19, apenas 5,5% dos fundos de pesquisa foram direcionados para os países de baixa ou média rendas – não apenas na África e parte da Ásia, mas também na América Latina, com exceção do Brasil.

Com foco na preparação para novos surtos prestes a acontecer, foram ressaltadas iniciativas positivas, como a Rede Colaborativa de Sequenciamento Genético no Brasil (Rede SEQV Br), afirmando que existe já uma capacidade de pesquisa instalada na maioria dos Estados brasileiros.

Henao-Restrepo, que participou do evento por videoconferência, falou sobre construir resiliência contra surtos e pandemias. Descreveu as atividades principais do plano de pesquisa e desenvolvimento da OMS. E abordou as negociações intergovernamentais, mediadas pela entidade, com vista a um acordo global para prevenção de pandemias.

Em complemento às apresentações da primeira sessão, Kallás fez uma exposição panorâmica das atividades realizadas pelo Instituto Butantan. E Manoel Barral Netto descreveu o Sistema de Alerta Precoce de Surtos com Potencial de Pandemia (Alert-Early System of Outbreaks with Pandemic Potential – Aesop), desenvolvido pela Fiocruz/Bahia.

A segunda sessão aberta ao público tratou do lançamento do roteiro dos financiadores da Glopid-R para a coordenação de ensaios clínicos (Launch of GloPID-R Funders Living Roadmap for Clinical Trial Coordination).

Alice Norton, da Glopid-R, descreveu o processo de criação do roadmap, cujos objetivos são: “apoiar redes e plataformas de ensaios clínicos preparadas para epidemias; facilitar uma resposta de ensaios clínicos ágil e efetiva; promover um ambiente de pesquisa equitativo”. E Isabel Foster, também da Glopid-R, falou de sua implementação.

Katherine Littler, também da OMS, tratou da priorização ética das pesquisas, baseada em quatro princípios: “promover valores sociais, atuar eficientemente, respeitar restrições éticas, seguir processos justos”. Palestras breves sobre a implementação de ensaios clínicos em diferentes regiões foram feitas por Biasi, do Brasil, Amuasi, de Gana, e Srinivas Murthy, do Canadá.

As sessões abertas da nona assembleia geral da Glopid-R podem ser assistidas em:

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