O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou (04/07) do lançamento da pedra fundamental do Projeto Orion, complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos (vírus, bactérias e parasitas que causam doenças) inédito na América Latina.
Ainda no campus do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas (SP), Lula anunciou a continuidade do Projeto Sirius – o acelerador de partículas de 68 mil m2 que é a maior infraestrutura de pesquisa já construída no Brasil.
“Quero deixar para os meus netos e bisnetas um mundo infinitamente melhor, mais humanista, mais saudável e mais democrático do que aquele que eu recebi dos meus pais. Acho que é isso que deve prevalecer na nossa cabeça: que mundo que a gente quer? E é isso que me faz ficar orgulhoso de vir aqui participar de um lançamento de pedra fundamental de um centro de pesquisa extraordinário como esse e um laboratório que não tem similar no mundo”, enfatizou o presidente.
O presidente defendeu que os brasileiros confiem na capacidade de desenvolvimento tecnológico do país e reforçou o comprometimento da sua gestão com o avanço da educação e da pesquisa. “Vamos fazer mais e melhor porque esse país não pode retroceder. Esse país tem que se transformar em um grande país, em uma economia forte e um povo bem-informado e bem-preparado. E isso depende de gente inteligente como vocês”, afirmou, dirigindo-se ao público presente na cerimônia no CNPEM.
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, destacou que a iniciativa representa um grande passo para a ciência, a saúde e a soberania do país. “A conexão entre Orion e Sirius não apenas coloca o Brasil em destaque na pesquisa científica global, mas fortalece de maneira única a nossa capacidade de estudo e de prevenção de patógenos e de enfrentamento a eventuais desafios que a gente possa vivenciar”, declarou.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, compartilhou a sua visão de que todos os países têm que se preparar para novas pandemias, para que possam enfrentá-las melhor do que a da Covid-19. Ela ressaltou que o complexo Orion está no eixo de preparação para novas emergências em saúde do Novo PAC. “É a nossa defesa do ponto de vista sanitário e também a nossa soberania. Por outro lado, aqui se faz inovação, desenvolvimento tecnológico e se ajuda uma cadeia de inovação para novos produtos, vacinas, fármacos, para ficar só na área da saúde e não falar de outros importantes desafios que aqui são e continuarão a ser respondidos”, assinalou.
Já o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, ressaltou o apoio financeiro da instituição a projetos inovadores. “No BNDES, nós temos hoje — foi reconstruído no governo Lula — R$ 5 bilhões por ano. Na realidade, este ano nós vamos ter R$ 7,5 bilhões só para inovação, com uma taxa de juros de 2% ao ano para as empresas. Nós estamos, por exemplo, financiando grandes projetos de inovação na área da saúde”, relatou.
O Orion integra o Novo PAC, é financiado com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e apoiado pelo Ministério da Saúde. Até junho de 2024, foram repassados R$ 240 milhões ao projeto e estão previstos mais R$ 760 milhões até 2026.
O projeto será um complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos, com instalações de alta e máxima contenção biológica (NB4) inéditas na América Latina. Vai abrigar técnicas analíticas e competências avançadas de bioimagens, que serão abertas à comunidade científica e a órgãos públicos. Ao possibilitar o avanço do conhecimento sobre patógenos e doenças correlatas, o Orion subsidiará ações de vigilância e política em saúde, assim como o desenvolvimento de vacinas, tratamentos e estratégias contra epidemias.
A iniciativa integra a Nova Indústria Brasil (NIB), política do Governo Federal para impulsionar a indústria nacional até 2033. Funciona como instrumento de soberania, competência e segurança nacional nos campos científico e tecnológico para pesquisa, defesa, saúde humana, animal e ambiental. A concepção fortalece o Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS), voltado ao atendimento de demandas prioritárias do Sistema Único de Saúde (SUS).
O Projeto Sirius abriga pesquisas com potencial de contribuir para solucionar grandes desafios científicos e tecnológicos, como o desenvolvimento de vacinas, medicamentos e tratamentos para doenças. Na área de agricultura, buscam-se novos fertilizantes, espécies mais resistentes e adaptáveis e tecnologias de cultivo. O Sirius também permite estudos para melhor aproveitamento de fontes de energia renováveis e melhores processos de extração de petróleo em águas profundas.
A primeira fase do Sirius incluiu a construção de 14 linhas de luz – capazes de cobrir uma grande variedade de áreas científicas –, que já estão disponíveis para a comunidade científica e tecnológica. A segunda fase integra o Novo PAC. Teve início em 2024 e abrange a construção de 10 novas linhas de luz, incluindo estações experimentais e laboratórios de apoio. Até junho de 2024, foram repassados R$ 2,25 bilhões para a Fase I e R$ 125 milhões para a Fase II. Estão previstos mais R$ 675 milhões para a conclusão da Fase II, totalizando R$ 800 milhões.